Mostra cultural celebra vida e obra da atriz paranaense Claudete Pereira Jorge

As apresentações serão no Teatro Novelas Curitibanas, que agora terá o nome Teatro Novelas Curitibanas – Claudete Pereira Jorge 

Foto: Marcelo Almeida

Entre os dias 5 de junho a 7 de julho, mais de cem artistas irão se reunir para os espetáculos da Mostra Claudete Pereira Jorge, que apresentará peças de teatro, shows de dança e música, além de exposição de fotos da artista, oficina formativa, exibições cinematográficas e leituras cênicas. As ações acontecem no Teatro Novelas Curitibanas, que teve o seu nome alterado para Teatro Novelas Curitibanas – Claudete Pereira Jorge em homenagem à atriz.  Os ingressos para toda a programação serão com contribuição voluntária, ou seja, o público contribui com o valor que puder e quiser. A distribuição de ingressos inicia sempre uma hora antes de cada sessão.

Claudete Pereira Jorge (1954-2016) nasceu em Ponta Grossa e, com 20 anos, logo que se mudou para Cascavel, foi convidada para substituir uma atriz que havia faltado em um ensaio. Foi o que bastou para que daquele dia em diante, substituindo em definitivo a outra atriz, demonstrasse o talento nato que sempre teve para o teatro. Desde o início da carreira, integrou a NBP Produções, atuando e dirigindo em diversas montagens da produtora ao longo de 20 anos, junto a Nautilio Portela. Paralelamente, esteve em diversos espetáculos curitibanos, com a direção de nomes como Manuel Carlos Karan, Antônio Carlos Kraide, Oraci Gemba, Ademar Guerra, Felipe Hirsch e Marcelo Marchioro, tendo ganhado duas vezes, por espetáculos com direção de Marchioro, o Troféu Gralha Azul de Melhor Atriz. Além de atuar nas cidades de Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, foi convidada da primeira Bienal de Arte Contemporânea de Tessalônik, na Grécia, para apresentar o Canto I da Ilíada de Homero em Atenas, Berlim, Skopje e Amsterdam. 

Serão 18 espetáculos de artes cênicas. A Súbita Companhia abre o evento com o solo bilíngue “Foi Assim Que o Oceano Invadiu a Minha Casa”, criado por Helena de Jorge Portela, filha e parceira de Claudete, em homenagem à sua mãe. O grupo também realizará outras apresentações de dois dos seus espetáculos, sucessos de público e crítica: “Porque Não Estou Onde Você Está” e “Amores Difíceis”.

Já a Cia. Fluctissonante, idealizadora da mostra, apresenta para o público, a montagem “\TODAS/” e, para as crianças, a peça “Enquanto a Chuva Cai”, ambas com tradução em Libras. Também para o público infantil, a Imã Produções apresenta “O Céu de Mahura” e a Cia. Teatro de Imaginação, o espetáculo “Colecionador de Histórias”.

O ator Rafael Camargo participa  realizando única apresentação do espetáculo “O Encalhe dos Trezentos”. A mostra ainda terá apresentações do Teatro de Breque, com o espetáculo “Não Contém Glúten”; a Selvática Ações Artísticas com “América” e o solo de dança “Mil Besos”, além do coletivo “Negro Não Nego”, com espetáculo homônimo. A Cia Iliadahomero apresentará três cantos da Ilíada e três cantos da Odisseia, em sessões duplas, sempre aos domingos.

No hall do teatro, aos sábados e domingos, acontecerão pocket shows musicais dos artistas Conde Baltazar, Chico Paes, Simone Magalhães, Márcio Mattana, Rodrigo Augusto Ribeiro, Alexandre França e o trio Sisthas Inna House. Haverá ainda apresentação do show bilingue Origami, apresentado em Português e Libras, com poesia rítmica, por Helena de Jorge Portela e Chico Paes. Já a musicista Edith de Camargo e os atores Diego Marchioro e Fernando de Proença trarão um show inédito ao evento, com textos, testemunhos, discursos de amor e canções.

Paralelamente, o teatro receberá uma exposição com fotos da vida e obra de Claudete. Às sextas-feiras a noite, o ator Gerson Delliano e o músico Orlando Brasil farão leituras dos textos favoritos de Claudete. O evento também oferecerá uma oficina de Poesia em Libras com as atrizes da Cia. Fluctissonante, realizada no Teatro Guaíra. E para fechar, a Cinemateca de Curitiba receberá quatro sessões de exibição de longas e curtas metragens com Claudete Pereira Jorge no elenco.

A mostra é promovida pela Cia. Fluctissonante, NBP Produções e Pomeiro Gestão Cultural. O Teatro Novelas Curitibanas – Claudete Pereira Jorge fica na Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1.222 – São Francisco. 

Programação da Mostra Claudete Pereira Jorge

Espetáculos teatrais

Foi assim que o oceano invadiu minha casa
Súbita Companhia
5, 12, 22 e 23 de junho, às 20h
Solo da atriz Helena de Jorge Portela dirigido por Maíra Lour. Uma história sobre duas atrizes, que em uma tarde como qualquer outra, tiveram suas vidas separadas pelo mar. O mar que carrega o luto e a dor. Um espetáculo solo que tenta agarrar o tempo com as mãos. Mãe e filha à deriva no oceano. “Se você me desse mais um segundo…” O que você faria se tivesse mais tempo? A vida não tem ensaio.

O encalhe dos trezentos
Espaço Cênico e Tanta Produções
6 de junho, às 20h
“O Encalhe dos Trezentos” faz parte da obra “O homem vermelho”, que deu ao autor Domingos Pellegrini seu primeiro Prêmio Jabuti. Conta a história de um encalhe numa estrada de lama no interior do estado do Paraná, onde 300 veículos – caminhões na maioria – ficam encalhados por causa da chuva intermitente numa estrada intransitável, obrigando os caminhoneiros a uma parada não programada, que se arrasta por sete dias. A história, à partir de fato verídico, transcorre no período do desbravamento do interior paranaense em época de acelerada transformação social e a terra roxa aparece como metáfora.

Não contém glúten
Teatro de Breque
8, 9, 15 e 16 de junho, às 20h
O casal Sue e Michael recebe em seu apartamento Dorothy e Henry, amigos de longa data. Diante dos visitantes, que parecem desfrutar de uma realidade idílica, os donos da casa são obrigados a encarar a insignificância do seu dia a dia e seu relacionamento desgastado, embora seja evidente a existência de um fiapo de amor que mantém a relação dos dois em pé. Os diálogos do texto abordam temas como o sucesso e o fracasso de cada um dos casais, passando por temas como ciúmes, gravidez, educação dos filhos e, claro, alergia a glúten.

Negro Não Nego
Coletivo Negro Não Negro
8 e 15 de junho, às 18h
“Negro Não Nego” é um olhar sobre o que é humano, ancestral, cultural. É um grito de resistência em meio ao caos, é o sangue do povo preto escorrendo nas favelas e vielas. É sobre resiliência, sobre respeito, afeto, alteridade e cidadania. A dramaturgia conta com adaptações de textos de diversos artistas negros como Elisa Lucinda, MC Mestiço e Victoria Santa Cruz. Notícias como as mortes da vereadora e ativista Marielle Franco, de Rodrigo que teve seu guarda-chuva confundido com um fuzil e Pedro Henrique, asfixiado por um segurança também são lembradas.

Mil Besos
Aguila Produções Artísticas e Selvática Ações Artísticas
13 de junho, às 20h
Como se dança um exagero? Pode um corpo ser multidão? Como se dançam os beijos não dados? Como se dançam as palavras não ditas? Como se dança um idioma extinto? A partir de um material autoficcional e também estudos sobre o exagero e a monstruosidade Mil Besos é uma performance de um corpo bicha que tenta manter-se em pé com 3kg de papel craft na cabeça. Um corpo em busca de um estado de transbordamento. Mil Besos é parte de uma pesquisa que o artista brasileiro Gabriel Machado vem desenvolvendo nos últimos 10 anos sobre as transformações do corpo enquanto objeto virtual, a cibernética e a infiltração de tecnologias e recursos midiáticos no corpo humano. Low-tech e high-tech em busca do grotesco, do robótico, do inumado, do superhumano.

América
Selvática Ações Artísticas
7 e 14 de junho, às 21h
América é um trabalho que articula em sua feitura ética-estética os deslocamento decoloniais interseccionais reivindicados pelas epistemologias do sul. Em cena, um corpo nu, andrógino, miscigenado performa uma discursividade que mobiliza a noção de dívida.

\TODAS/
Cia. Fluctissonante
19 e 20 de junho, às 20h
21 de junho, às 21h
Duas atrizes multiplicam-se em várias mulheres. Elas se encontram no plano da ficção, onde ensaiam a criação de suas vidas. A partir da obra da autora curtibana Luci Collin, o espetáculo traz críticas cômico irônicas, com certas tonalidades melancólicas, sobre o momento político e social que estamos vivendo. No palco, Catharine Moreira (atriz surda) e Helena de Jorge Portela (atriz ouvinte), constróem essa teia complexa de relações. O trabalho é totalmente bilíngue e bicultural – sinalizado em libras e falado em português, no entanto, quem primeiro acessa a linguagem da cena é o público surdo, no intuito de deslocar os ouvintes de sua usual centralidade de entendimento. A passagem da literatura para a cena traz ao público a ancestralidade e o futurismo de uma história de mulheres, suas vitórias, dores e lutas, interpretados por uma mulher surda e outra ouvinte. As presenças femininas evocadas celebram aquelas \todas/ que por esses palcos da vida já passaram.

Amores Difíceis
Súbita Companhia
27, 28, 29 e 30 de junho, às 20h
Amores Difíceis aposta na metalinguagem para investigar o amor e seus embates. Na tentativa de encenar o conto “Aventura de um esposo e uma esposa” do italiano Ítalo Calvino, quatro atores buscam referências em cenas te- atrais clássicas para compreender o cotidiano de um casal que praticamente não se encontra. A passividade e a dureza presentes no texto “A Gaivota” de Tchecov, em contraponto com a passionalidade e a fúria em “Bodas de Sangue” de Garcia Lorca geram reflexões nos atores em cena. Cria-se um jogo que questiona os limites entre realidade e ficção, entre o que está deter- minado pela literatura ou dramaturgia e o que pode ser transformado. Amores Difíceis traz a assinatura da Súbita Companhia na pesquisa continuada em teatro físico e dramaturgia do gesto e levanta uma questão: afinal, o que realmente sabemos sobre o amor?

Porque não estou onde você está
Súbita Companhia
4, 5, 6 e 7 de julho, às 20h
O espetáculo “Porque não estou onde você está” trata da relação peculiar entre um homem e uma mulher que constroem ao longo do tempo estratégias de convivência e de comunicação. Eles criam uma infinidade de regras para as suas ações cotidianas e reinventam a comunicação através de uma linguagem própria, elaborada a partir de gestos e ações corporais que só eles compreendem. Em seu apartamento demarcam territórios “Lugares Algo” e “Lugares Nada”, ambientes onde existem ou deixam de existir um para o outro. A partir da sobreposição entre presente, passado e futuro, memórias são reveladas num jogo cênico que reflete a dificuldade de interagir com o outro e que questiona a fragilidade das relações humanas.

Espetáculos infantis

Enquanto a chuva cai
Cia. Fluctissonante
8, 9, 15 e 16 de junho, às 15h
“Enquanto A Chuva Cai” é um espetáculo interpretado em Libras e Português e acessível para surdos e ouvintes, simultaneamente. Ele narra a história de duas crianças que encontram-se numa guerra fictícia, dentro de uma casa em ruínas. O menino utiliza a língua portuguesa, enquanto a menina sinaliza através dos sinais da Libras. Nesta guerra, um amigo é como uma fonte no deserto. A barreira linguística, portanto, não pode ser um empecilho para que se tornem amigos e cúmplices na luta pela sobrevivência.

Colecionador de Histórias
Teatro de Imaginação
22 de junho, às 15h
O espetáculo O Colecionador de Histórias fala de um viajante que anda pelo mundo conhecendo pessoas, países, culturas e costumes. Este espetáculo traz a ideia de brincar de faz de conta, dar asas a imaginação e vida aos personagens. Tudo isso sai de dentro de três únicas malas, utilizadas pelos dois atores. O Colecionador é um viajante que anda pelo mundo dia e noite, noite e dia, com os pés no vento e o vento nos pés. Em seu caminho, encontra figuras como Leleca, o Capitão do Mar, o Tio Azul, a vovó Chiquinha e muitos outros personagens que o acompanham em seus cantos e contos.

O céu de Mahura
Imã Produções
23 de junho, às 15h
Inspirado na mitologia africana, o espetáculo conta a história de Mahura, a filha da terra, a que tem como dom o trabalho. “O Ceú de Mahura” apresenta na cena dois personagens, que cantam, tocam instrumentos e empurram um veículo inusitado, carregado de diversos objetos curiosos. Enquanto separam alguns materiais para reciclagem, transformam este carrinho em um incrível cenário para representar a história da moça trabalhadeira. A jornada da boneca Mahura é repleta de aventuras, ela se desafia e sai em busca de conhecer outras terras e costumes, adquire outros saberes e descobre novas formas de se relacionar com o trabalho, a comunidade e o meio ambiente.

Espetáculos musicais

Cia Iliadahomero
A Cia Iliadahomero trará a Mostra Claudete Pereira Jorge a apresentação de seis cantos que integram o repertório do grupo. Aos domingos, o grupo realizará apresentações geminadas, contendo dois cantos cada: o primeiro da Ilíada e o segundo da Odisseia. Todos os cantos encenados pelo grupo têm a direção de Octávio Camargo e desenho de luz de Beto Bruel.

  • 9 de junho, às 17h  – Ilíada Canto 19 com Zeca Cenovicz e Odisseia Canto 8 com Márcio Mattana
  • 16 de junho, às 17h –  Ilíada Canto 7 com Helena de Jorge Portela e Odisseia Canto 16 com Raquel Rizzo
  • 23 de junho, às 17h – Ilíada Canto 16 com Richard Rebelo e Odisseia Canto 5 com Fernando Marés

Origami
O show Origami, músicas para ver e ouvir” é um musical bilíngue (Português e Libras) com composições autorais do músico Chico Paes e poesia rítmica (música traduzida para Libras) interpretada pela atriz e pesquisadora de arte acessível Helena de Jorge Portela, contando com a supervisão de tradução de Jonatas Medeiros. Onde o objetivo principal, não é trazer a comunidade surda para o mundo da música, mas sim fazer com que os ouvintes se apaixonem pela Língua Brasileira de Sinais através dela. Em cena o músico e a atriz oferecem ao público um espetáculo democrático que agrega pessoas surdas e ouvintes na mesma plateia. Aos ouvintes são ofertadas canções profundas com letras muito bem pensadas e trabalhadas, juntamente com arranjos no violão. Enquanto que o público surdo tem, não apenas uma tradução simultânea, não se trata disso, mas sim um espetáculo de poesia rítmica, onde as palavras são transformadas em sinais mantendo a mesma potência do português.

  • 22 de junho, às 18h

Pocket Shows
Aos sábados e domingos, sempre às 19h, o hall do Teatro receberá um pocket show de músicos curitibanos. 

  • 8 de junho – Chico Paes
  • 9 de junho – Conde Baltazar
  • 15 de junho – Edith de Camargo + Fernando de Proença e Diego Marchioro
  • 16 de junho – Simone Magalhães
  • 29 de junho – Márcio Mattana
  • 30 de junho – Rodrigo Augusto Ribeiro
  • 6 de julho – Alexandre França
  • 7 de julho – Sisthas Inna House 
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