Giro pelo Brasil: Espetáculo infantil ganha versão audiovisual com quatro apresentações on-line

Espetáculo foi criado e é protagonizado pela atriz, bailarina e autora deficiente visual Moira Braga

Ventaneira – A cidade das flautas, onde o céu é colorido por pipas que carregam flautas tocadas pelo vento, já foi poema, dança, conto, peça infantil, livro e audiolivro. Agora, se transforma mais uma vez e volta em formato audiovisual para quatro apresentações gratuitas e on-line, entre os dias 26 e 29 de março, pelo Youtube.
Idealizada, escrita e interpretada pela atriz, bailarina e autora deficiente visual Moira Braga, Ventaneira foi totalmente adaptada para o novo meio e ganhou interpretação de libras e audiodescrição integradas à dramaturgia: “Eu não queria que a acessibilidade fosse uma coisa à parte. O roteiro constrói uma narrativa junto com a audiodescrição e o intérprete de libras faz parte da história”, conta Moira. A iniciativa tem patrocínio da Lei Aldir Blanc, Governo Federal, Governo do Estado do Rio de Janeiro e Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa. Ao final de cada apresentação, haverá um bate-papo entre Moira, a equipe do espetáculo e convidados, como a diretora teatral Duda Maia e a mestra em Educação Márcia Feijó.
Encenado pela primeira vez em 2016, quando foi visto por 750 pessoas em dois meses de temporada, no Parque das Ruínas e Teatro Gonzaguinha, Ventaneira surgiu bem antes disso. Há dez anos, Moira estudava na Escola de Dança Angel Vianna – onde hoje leciona – e escreveu primeiramente um poema, que deu suporte a uma coreografia, inspirado na obra As cidades invisíveis, de Ítalo Calvino. A história foi tomando corpo e se transformou em um conto, ganhou personagens. Mais tarde, chegou aos palcos e, em 2018, virou livro e audiolivro: “O livro é um pouco diferente da peça. No primeiro, a história é uma narrativa, mais longa, enquanto no espetáculo ele é um pouco alterado para ganhar mais dinâmica. Agora, fizemos uma nova modificação, para não ficar apenas uma peça filmada, mas um projeto pensado para o formato audiovisual, com direção geral e roteiro de Rai Junior e o resultado é algo entre esses dois formatos”, adianta Moira.

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“Pensei muito no que seria mais interessante trazer da peça para o audiovisual. E com certeza não vem de uma mera transposição, com uma câmera parada filmando o espetáculo”, afirma Rai. “E também a questão da acessibilidade é muito instigante, como a gente poderia fazer para alcançar todo mundo. Por isso as libras e a audiodescrição estão integradas ao espetáculo, não tem como ‘desligar’”, completa.
A história fala de uma cidade fantástica com pipas cortando o céu que carregam flautas tocadas pelo vento. Mas um dia os ventos cessam e a cidade amanhece sem música. O menino Rudin, que só consegue ver o que suas mãos podem alcançar, é o único morador que não sabe empinar pipas ou construir flautas, mas com a ajuda do amigo Paco, consegue trazer a música e a alegria de volta à cidade. “O público se identifica com questões pertinentes a toda criança: se sentir diferente, ser excluído das brincadeiras, não ser compreendido por ter uma forma especial de observar o mundo, mas também reforça valores como amizade, afeto, tolerância e estimula a percepção do outro e da sociedade”, destaca Moira.
A trilha sonora inédita é composta por Carol D’Ávila, antiga colaboradora do projeto, assim como a diretora de arte Ayara Mendo, que assinou as ilustrações do livro. Na nova versão, Ayara criou uma cenografia que se transforma ao longo do espetáculo, seja com a interação de Moira ou com a dela própria, que estará em cena: “São grandes rolos de papel, onde a cidade vai sendo pintada e surge aos poucos; o produto final não é entregue de cara. É uma espécie de instalação, construída junto com a história”, detalha Ayara. Rasgos e buracos sugerem portas, janelas, passagens. A narrativa não-linear faz com que em certos momentos as folhas voltem a ser brancas. A pintura vai pautando esse antes e depois. E para contrapor a subjetividade do cenário, entram alguns objetos de cena, como bolas, flautas e um caixote de madeira, que ajudam a reforçar a narrativa para a criança.
“É um espetáculo para ver, ouvir, sentir e se emocionar. Ele aborda de forma lúdica a capacidade infinita, especialmente das crianças, de reinventar a realidade. E, sobretudo, em uma época de tantos estímulos para as crianças, acreditamos que sentar e escutar uma boa história ainda é a melhor diversão”, aposta Moira.
Ao final de cada sessão, haverá um bate-papo entre Moira e integrantes da equipe criativa do espetáculo, além de convidados especiais:
Dia 26 (sexta), às 18h30: Corporeidade e infância – Moira Braga e as convidadas especiais Duda Maia (Diretora Teatral) e Márcia Feijó (Mestra em Educação)
Dia 27 (sáb), às 18h30: Acessibilidade – Moira Braga, Nara Monteiro e Jadson Abraão
Dia 28 (dom), às 18h30: Arte Visual e Sonora – Moira Braga, Carol D’Ávila e Ayara Mendo
Dia 29 (seg), às 18h30: Direção e Fotografia – Moira Braga, Rai Junior e Luciano Xavier
 
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