Instituto Lico Kaesemodel oferece pistas visuais para que as crianças com X Frágil e Autismo não percam a rotina
Durante o isolamento social, as crianças com síndromes do X Frágil ou autismo podem ter dificuldades em compreender as orientações de higiene e se adaptar numa nova rotina. Segundo Sabrina Mugiatti, idealizadora do Projeto Eu Digo X do Instituto Lico Kaesemodel e mãe do Jorge, adolescente com X Frágil e Autismo, os cuidados neste período devem ser mais rígidos. “A criança X Frágil e autista necessita de uma rotina a ser seguida. Com o fechamento das clínicas e escolas, os pais precisam adequar a rotina para casa, com os afazeres e a agenda com as pistas visuais, para que a criança entenda que nada mudou das suas obrigações”, salienta Sabrina.
As pistas visuais é uma forma de dica rápida para o aprendizado de habilidades verbais, motoras e sociais em crianças diagnosticadas com TEA (Transtorno do Espectro do Autismo), se comparadas com as dicas auditivas. O uso de pistas visuais tem sido muito utilizado na intervenção comportamental e tem resultado importantes. “As pistas visuais, nada mais são do que dicas ilustradas, como lavar as mãos, banho, trocar de roupa, esperar, entre muitas outras”, explica Sabrina.
Para as crianças com X Frágil e Autismo, o Governo de Arogón, sobre a autoria de Nerea Moreno, criou diversas pistas visuais sobre o que a criança pode e não pode fazer, com desenhos ilustrativos, explicando principalmente o
porquê a rotina mudou, e o porque ela não irá para escola.
“Nossos filhos normalmente não se comunicam adequadamente, com dificuldades de se expressar. O isolamento social é extremamente importante, pois além de serem vulneráveis – alguns com doenças associadas, são também possíveis transmissores do COVID-19. Por isso, da necessidade de adaptarmos a rotina, ações e triplicarmos os
cuidados com eles”, finaliza Sabrina.
O Instituto Lico Kaesemodel disponibiliza o material de apoio, como cartilha, livros, canções e pistas visuais
para serem utilizados com as crianças, que pode ser solicitado pelo whatsapp (41) 99103-4847.
Cinco livros infantis que falam sobre autismo
No dia 2 de abril é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, uma data criada para orientar a população sobre esse transtorno e evitar a discriminação e o preconceito. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que haja 70 milhões de pessoas com autismo em todo o mundo, sendo 2 milhões somente no Brasil. Estima-se ainda que uma em cada 88 crianças apresenta traços de autismo, com prevalência quatro vezes maior em meninos.
Em 2020, toda a comunidade envolvida com a causa está unida em uma campanha nacional com o tema: “Respeito para todo o espectro”. Segundo a supervisora do Serviço de Psicologia Escolar do Colégio Positivo, Maísa Pannuti, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) não é uma doença, mas um transtorno do desenvolvimento. “Não existem exames clínicos que atestem o TEA. O diagnóstico deve ser clínico e multidisciplinar, a partir de critérios como déficits persistentes na comunicação e na interação social, assim como padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades”, explica a psicóloga.
Mas ela adverte: “apesar de haver alguns traços característicos do autismo, cada pessoa é única, com sua personalidade, genética, história de vida e contexto familiar. Assim, não se pode rotular um indivíduo com TEA, o que reduziria a pessoa ao transtorno em si, desconsiderando sua subjetividade”. Por outro lado, conhecer alguns comportamentos relativamente comuns em pessoas com autismo pode ajudar na redução do estigma e do preconceito, favorecendo a inclusão desses indivíduos de forma plena. “Conhecer esses padrões não tem como objetivo rotular, mas sim garantir que a informação seja um veículo de eliminação de toda e qualquer forma de preconceito”, ressalta Maísa.
Segundo a psicóloga, são comuns, por exemplo, movimentos corporais repetitivos e sem função, interesses em temas e objetos restritos, algumas vezes sem importância aparente. Pode haver limitações quanto à linguagem abstrata (interpretação literal), gerando dificuldade em identificar ironias, coloquialismos, gírias, sarcasmos e metáforas. Também podem não conseguir expressar seu estado emocional, resultando em comentários que podem soar ofensivos, apesar de serem bem intencionados, por não identificar o que é socialmente “aceitável” e pela dificuldade em levar em conta o estado emocional de outras pessoas.
Para favorecer a inclusão escolar e social das pessoas com autismo, desde a infância, a psicóloga afirma que é preciso que a sociedade entenda essa condição. “As crianças com TEA sofrem muito com o julgamento de outras crianças, que possuem maior dificuldade para compreender as diferenças”, explica. Para ajudar a falar sobre o Espectro Autista, Maísa sugere alguns livros infantis:
Meu amigo faz iiii, de Andréa Verner e Kelly Vaneli (Ed. CR8, 28 páginas)
O livro é narrado em primeira pessoa por Bia, uma garotinha que percebe comportamentos peculiares em seu coleguinha de classe, Nil. Orientada pela professora, ela começa a observá-lo com cuidado e, a partir daí, uma amizade se desenvolve.
A escova de dentes azul, de Marcos Mion (Panda Books, 48 páginas)
No clima do Natal de 2017, o apresentador Marcos Mion escreveu um texto revelando detalhes sobre a convivência com seu filho Romeo, com 9 anos, na época. “Me sinto abençoado e extremamente feliz por ter sido escolhido por Deus para ser pai de uma criança autista, ou como eu prefiro dizer, o guardião de um anjo. O meu Romeo”, escreveu. No post, publicado no Facebook, o apresentador contou sobre o inusitado presente de Natal que o filho pediu – e sobre a lição que aprendeu com isso. O texto deu origem ao livro A escova de dentes azul.
O menino só, de Andrea Viviana Taubman (Ed. Escrita fina, 36 páginas)
O livro fala de forma poética sobre o complexo e pouco conhecido mundo das crianças autistas, que não apresentam estigmas físicos visíveis mas têm necessidades muito específicas para poder se desenvolver.
Tudo bem ser diferente, de Todd Parr (Ed. Panda Books, 32 páginas)
O livro trabalha com as diferenças de cada um de maneira divertida, simples e completa, alcançado o universo infantil e abordando não apenas a questão das diferenças, mas também outros assuntos delicados, como adoção, separação de pais, deficiência física, preconceito racial, entre outros.
Um mundinho para todos, de Ingrid Biesemeyer Bellinghausen (Ed. DCL, 24 páginas)
Educar as crianças para que desenvolvam a consciência de seus direitos e deveres, respeitando as diferenças e firmando valores que ajudam a construir o bom convívio em sociedade. Esse é o mote do livro, tratado de maneira lúdica e com lindas ilustrações.