“O novo conservadorismo brasileiro: de Reagan a Bolsonaro”, da ponta-grossense Marina Basso de Lacerda, é um dos finalistas do Prêmio Jabuti 2020 e já venceu outra premiação brasileira
Por Camile Triska
Nos últimos anos, o Brasil viu um movimento conservador crescer cada vez mais na política, algo que também aconteceu em outros países do mundo. Mas, como ele surgiu? Quais as diferenças para o neoconservadorismo de outros lugares? Essa é a análise que traz o livro “O novo conservadorismo brasileiro: de Reagan a Bolsonaro” (Editora Zouk), da doutora em Ciência Política Marina Basso de Lacerda, finalista do Prêmio Jabuti de 2020 na categoria Ciências Sociais e já vencedor do Prêmio Minuano de Literatura, promovido pelo Instituto Estadual do Livro (IEL) do Rio Grande do Sul e o Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
A obra traça um paralelo entre o neoconservadorismo norte-americano e aquele que começou a ser visível na política brasileira a partir de 2015, culminando na eleição do atual presidente, Jair Bolsonaro, com características como centralidade da moral tradicional nos costumes, o que inclui a luta contra a “ideologia de gênero”, o punitivismo, o belicismo e uma oposição às versões contemporâneas do socialismo.
“O neoliberalismo começou a ser implantado no Brasil na década de 1990 e foi atenuado nos governos petistas, assumiu uma versão mais agressiva desde então. A pesquisa procura entender por que um movimento com características tão semelhantes ao ‘neoconservatismo’ emergiu no Brasil 40, 50 anos depois da sua origem nos EUA”, explica Marina Basso Lacerda em entrevista ao Curitiba de Graça.
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Segundo a autora, o movimento neoconservador começou a se articular nos Estados Unidos nos anos 1970, com foco na moral religiosa ao lado de uma concepção de segurança pública punitivista, defesa do livre mercado e luta contra o comunismo. “Aquela época era de plena Guerra Fria. Foi o movimento neoconservador que possibilitou a implantação do neoliberalismo nos EUA. Não existe, pela literatura da ciência política, um consenso do que seja “o” conservadorismo. Há conservadorismos, e essa é uma das suas expressões.”
“O novo conservadorismo brasileiro: de Reagan a Bolsonaro” é resultado de uma tese de doutorado em Ciência Política defendida em 2018 no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ. Graduada pela UFPR e analista da Câmara dos Deputados atualmente, esse foi o primeiro livro publicado por Marina como advogada na área de Direitos Humanos.
“Eu adorei escrevê-lo, apesar do desgaste inerente a fazer uma tese. Agora eu estou fazendo pós-doutorado em Ciência Política na USP. A vida acadêmica implica em escrever sempre, mais comumente artigos. Eu adoraria publicar um novo livro. Mas para isso é preciso ter algo a dizer”, revela Marina.
Quem desejar ler, o livro está à venda em diversas livrarias on-line, além do site da Editora Zouk.
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