Uma livraria para chamar de sua

A pandemia veio agravar ainda mais a situação das livrarias que estavam em crise há anos no Brasil. Será que os leitores poderão salvá-las?

livrarias
Pequenas livrarias e editoras podem ser acessadas pelos sites. Foto: Pixabay

Por Irma Bicalho
Dia 23 de abril foi o dia do livro, nosso amigo de todas as horas. Muitos estão saudosos de frequentar as bibliotecas, de passear pelos sebos ou de frequentar suas livrarias preferidas. Mas talvez você não sinta falta de nada disso, porque utiliza o comércio eletrônico para satisfazer seus desejos de leitor. Talvez você, assim como eu, tenha comprado seus últimos livros na incrível Amazon, a gigante do varejo on-line, que nasceu vendendo livros, e que quase sempre tem preços imbatíveis. E por isso, talvez devamos repensar nossos hábitos de leitura, a começar pelo local onde compramos nossos livros.
Ninguém aqui está fazendo campanha contra um ou outro conglomerado do comércio. Mas é preciso pensar um pouco sobre o assunto, às vezes. No dia 15 de abril, a Revista Exame divulgou uma matéria que dizia o quanto Jeff Bezos, dono da Amazon, aumentou sua fortuna pessoal. Em 2020, durante a pandemia, ele ganhou 24 bilhões de dólares com a valorização de seus negócios. Sim, as vendas cresceram no e-comerce durante a quarentena. Mas não foi por isso que a fortuna dele aumentou. Foi a valorização de suas ações, graças ao estímulo de governos e bancos centrais ao mercado durante a crise.
O mundo é assim, quem tem mais, ganha mais. Enquanto isso, por aqui, o colunista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, publicou no dia 22 de abril, que o efeito pandemia entre as livrarias brasileiras pode ser fatal. Diante de um cenário de crise no setor, instalado há anos e agravado com a pandemia, muitas estão com dificuldades, neste momento crucial, de conseguir crédito nos bancos. E o motivo é cruel. Segundo Gois, “a explicação — inclusive na Caixa — que já se ouviu é que o setor “está acabando” e que, dessa forma, seria arriscado liberar empréstimos agora”.

Um lugar ao sol

Se as palavras “o setor está acabando” causaram certo impacto na sua alma, então está na hora de reagir, não acha? Porque não sou a leitora que gostaria de ser, estou longe disso, mas também não acho que as livrarias devam mesmo acabar. Principalmente as tradicionais, as de bairro, aquelas charmosas com café, ou aquelas em que íamos com as nossas mães quando ainda éramos um projeto de leitor. As poucas que sobreviveram.
Então, gostaria de citar aqui, algumas livrarias ou pequenas editoras, que, de repente, podem estar esquecidas, mas que merecem voltar à sua lista de compras. Outras que talvez você talvez nem conheça, mas que estão disponíveis para começar um relacionamento sério. É importante destacar que esses estabelecimentos oferecem o serviço de entrega, essencial neste momento, em que ainda precisamos nos proteger em casa. Vamos lá?
Livraria do Chain: É fácil descobrir como o Chain resiste há 53 anos na cidade, sendo uma das únicas remanescentes livrarias de rua do centro da cidade. Ao lado da Reitoria da UFPR, além de literatura em geral, tem livros técnicos em diversos idiomas e acervo precioso de escritores paranaenses. Os clientes podem se dar ao luxo de serem atendidos pelo Sr. Chain, dono da loja, e bater um papo que pode ser uma aula. A loja não tem mais site. Mas é só ligar e conversar com qualquer um dos vendedores, todos atenciosos e leitores, o que faz toda a diferença. A loja está aberta em horário diferenciado durante a pandemia. De segunda a sexta, das 9h30 às 17h. Nos sábados das 9h30 às 13h. Combinando direitinho eles entregam em Curitiba. A Livraria do Chain fica na Rua General Carneiro, 441.Contatos pelo telefone 3264-3484.
Livraria Vertov: este espaço cultural fica na Visconde do Rio Branco, perto do Sesc da Esquina. Uma livraria que nasceu em um apartamento. É um lugar quase escondido, com livros selecionados e um ambiente tão especial quanto a apresentação da loja, mantida por dois livreiros curitibanos. Na página do Facebook os clientes encontram as instruções para adquirir os livros e recebê-los em casa, sem custos de entrega.
Itiban: é uma livraria especializada em histórias em quadrinhos (HQ). É o paraíso para quem está buscando mangás, zines, RPG e cardgames. Compras pelo site https://www.itibancomicshop.com.br
Arte e Letra: essa é velha conhecida dos curitibanos que adoram unir a leitura a um bom café, no coração do Batel. Aberta em 2006 a Arte & Letra sempre teve uma seleção cuidadosa de livros, com obras de qualidade. É onde encontramos obras de autores paranaenses e, com sorte, os próprios, que sempre frequentam os eventos do local. O site também tem loja.
Livrarias Curitiba: parece meio óbvio falar desta loja aqui, tão tradicional com seus 56 anos. Mas além de ser uma boa livraria e papelaria, ela estreou um site novo, bem mais funcional. E está oferecendo serviço de entrega via motoboy durante a pandemia. A promessa é que você receba no mesmo dia, contanto que a compra no site seja feita até às 13h, de segunda a sexta.
A página Livraria: com sete lojas no Paraná, a de Curitiba fica no Shopping Cidade. Pelo site da loja é possível comprar livros de diversos assuntos e infanto-juvenis na promoção durante a feira on-line Ciranda Cultural.
Editora Martin Claret: criadora da coleção “A Obra-Prima de Cada Autor”, com livros de bolso das principais obras da literatura mundial. Esta editora já nasceu com uma missão diferenciada. Foi fundada pelo empresário, editor e jornalista gaúcho Martin Claret para publicar obras de filosofia, religião, ciência e educação. Hoje com mais de 500 títulos em catálogo, se destaca pelas edições especiais com alta qualidade editorial. Se está procurando um clássico com qualidade e preço acessível clique http://martinclaret.com.br.
Martins Fontes: fechada desde o início de março, em plena Avenida Paulista, a livraria está oferecendo  através do site martinsfontespaulista.com.br, um saldão com dezenas de milhares de obras com 50% de desconto. Há uma semana, a Martins Fontes comemorou o recorde de vendas em no site e publicou uma nota agradecendo os clientes.
Ubu Editora: criada em setembro de 2016, tem um catálogo que engloba antropologia, filosofia, psicanálise, arquitetura, design, artes plásticas, fotografia e literatura. Seus livros são diferenciados, propondo uma discussão contemporânea e zelando pela qualidade gráfica. https://www.ubueditora.com.br
Editora Cobogó: tem catálogo de mais de 270 títulos sobre arte, cultura e pensamento contemporâneo. Cada livro é uma obra de arte, com especial atenção no tratamento do texto, no cuidado com as imagens e no projeto gráfico. http://cobogo.com.br/
Muita gente ficou de fora desta lista. Mas você, caro leitor do Curitiba de Graça, pode deixar nos comentários a sua sugestão, que aos poucos, vou acrescentando aqui.
 

curitiba de graca
curitiba de gracahttps://curitibadegraca.com.br
O portal Curitiba de Graça vem colaborar para que os moradores da capital e turistas possam aproveitar os eventos gratuitos (ou não!) que acontecem em Curitiba e Região Metropolitana.

2 COMENTÁRIOS

  1. Bastante interessante a matéria e o incentivo, sobretudo após destacar o quanto o dono da Amazon vem lucrando com suas vendas e o quanto os livreiros passam por momentos delicados no meio disso tudo… Mas uma coisa me chama bastante a atenção, o site da Martin Claret, que é citado acima, tem sua loja virtual vinculada ao site da amazon…. ao acessar a loja virtual no site da Martin Claret, a página me desloca para o site da amazon…

    • Olá Dalila,
      É curiosa a sua observação. Acabo de simular uma compra de um livro pelo site do link da editora e não fui, em momento algum, direcionada à Amazon. Talvez algum livro em específico, esteja disponível apenas pela Amazon. Muitas editoras e livrarias estão realmente vinculadas ao mega site de vendas. O Chaim, por exemplo, é um deles. É a alternativa que muitos encontram para aumentar as vendas e pagam sabe-se lá qual preço para isso. Com certeza a margem de lucro e as condições não são favoráveis aos pequenos.

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