Todos sabem que dormir bem é fundamental para a saúde. No caso das crianças e adolescentes, ainda ajuda no desenvolvimento intelectual e biológico
Por Milu Ramiro
Quando vou a escolas conversar com alunos sobre a importância da organização para uma melhor qualidade de vida, um assunto que sempre vem à tona é o tempo e a qualidade do sono. Organizar a vida de uma forma que ganhemos mais saúde, passa, necessariamente, pela organização dos horários, por consequência, o tempo em que uma pessoa tem para dormir.
Uma boa noite de sono é uma necessidade para crianças e adolescentes terem um bom desenvolvimento intelectual, físico e para a saúde de uma forma geral. Muitos especialistas confirmam o que nossas sábias avós já diziam: “nada como um dia atrás do outro e uma boa noite de sono no meio”. Estudos têm demonstrado que o ideal são nove horas de sono tranquilo para que o adolescente tenha um dia saudável e produtivo. Mas, na prática, sabemos que esse tempo de sono é cada vez menor.
Pesquisas demonstram como o sono faz falta
A revista Educar para Crescer publicou um artigo a respeito do sono de adolescentes que mostra algumas pesquisas feitas a respeito do tema. Em certo trecho do artigo é mostrado um trabalho-piloto do Hasbro Children’s Hospital, de Rhole Island, nos Estados Unidos, que propôs a uma pequena escola que retardasse em meia hora o horário de entrada dos alunos, prorrogando-o das 8h para as 8h30.
O resultado confirmou o que os médicos já esperavam: os minutos adicionais de sono garantiram benefícios para o estado de alerta, o humor e a saúde geral dos teens. Em outro trabalho americano, pesquisadores da Robert Wood Johnson Medical School, de Nova Jersey, mostraram que aquela sonolência diurna de muitos adolescentes está associada a um risco três vezes maior do jovem apresentar sintomas de depressão.
No Brasil, uma pesquisa realizada pelo Instituto Glia, de Ribeirão Preto, no interior paulista, ouviu pais de quase 6 mil jovens, entre quatro e 19 anos, em 17 Estados, mostrando que cerca de 30% das crianças de quatro a 12 anos dormem menos que o recomendado para a idade.
Esse mesmo estudo ainda mostrou que os jovens que dormem mais de oito horas por noite têm o dobro de chance de ter bom desempenho escolar e bons índices de saúde mental. Marco Antonio Arruda, diretor do Instituto Glia, explica que o conceito de saúde mental adotado vai além de não ter uma doença. “É um estado de bem-estar, no qual a pessoa está apta a superar as dificuldades da vida, estudar e trabalhar de forma produtiva. ”
“As noites maldormidas podem acarretar também problemas de estatura em adolescentes, por causa da alteração na produção do hormônio do crescimento que acontece durante o sono e é responsável pelo estirão da puberdade.”, explica a neuropediatra Márcia Pradella-Hallinan.
“Já para cama, menino!”
Os problemas de nota baixa ligados à falta de sono têm a ver com a fadiga dos neurônios responsáveis pelo raciocínio. Se os neurônios do nosso sistema nervoso não estiverem descansados, vão comprometer a memória, a atenção e a percepção.
Por causa de tudo isso, organizar o dia, deixando horas para um bom descanso é essencial, assim como também é essencial que os pais e responsáveis pensem em maneiras de inibir um pouco o uso dos eletrônicos para crianças pequenas, para que não adquiram desde cedo o hábito de dormir pouco.
Marilucia (Milu) Ramiro é jornalista e escritora especialista em orientação e desenvolvimento profissional de jovens. É autora do livro “Quem Mexeu na Minha Bagunça?” em parceria com a psicóloga Celi Piernikarz e sócia de um projeto com o mesmo nome, voltado ao desenvolvimento do hábito da organização de alunos, pais e educadores.