Álbum de Julio Borba mescla gêneros paraguaios e brasileiros, como a polca paraguaia, a guarânia, o samba e a bossa nova
O pesquisador de etnomusicologia na Universidade Federal do Paraná (UFPR), Julio Borba, cresceu e foi criado no Mato Grosso do Sul, região da fronteira entre o Brasil e o Paraguai, onde a música pantaneira, também caipira ou paraguaia, é tradição entre o povo.
Embora tenha seguido o caminho da formação clássica, de conservatório, essa tradição musical de sua vida, que funde a musicalidade paraguaia e brasileira, foi recuperada no álbum Entroncamento, lançado pelo selo Onça Discos, que é fruto da sua experiência como músico e pesquisador.
O título, Entroncamento, que significa encruzilhada, é um termo comum no Mato Grosso do Sul para se referir às grandes festas no interior. As obras autorais trazem expressões sonoras dos gêneros musicais como a polca paraguaia, a guarânia, o samba e a bossa nova, com elementos jazzísticos.
Ouça o álbum “Entroncamento” no Spotify
Em sua pesquisa no doutorado em andamento no PPGMúsica, Borba estuda a relação da música instrumental brasileira e paraguaia, utilizando áreas de comunicação e sociologia com o conceito interculturalidade. Para isso, escolheu o campo da etnomusicologia, que, segundo ele, é uma vertente associada fortemente à antropologia e, por este caminho, é possível captar objetos que se encontram fora de uma tradição ocidental.
O álbum reflete o trabalho do músico, que busca estudar e entender a sua própria bagagem musical para aprimorar a prática. “Eu preciso tocar para entender as questões teóricas e preciso tentar entender as questões teóricas para tocar melhor. Tudo é uma forma de aprendizagem fundamental como músico e como pesquisador“, explica.
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“Este é um legado histórico que estava sendo perdido, abandonado e o trabalho de pesquisa no GRUPETNO me ajudou a me aprofundar nesse estudo, descobrindo dois gêneros: a polca paraguaia e chamamé, que tem uma relação forte com a cultura paraguaia, com a música caipira, com interior do país“, afirma.
O disco tem a direção musical do compositor uruguaio Santiago Beis e a participação de músicos atuantes em Curitiba, como o baixista Leonardo Lopes, o baterista Pedro Mila, os acordeonistas André Ribas e Éverton Silveira e o saxofonista Ronald Kubis.
Confira uma entrevista de Julio Borba para o programa Som e Prosa da UFPR TV
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