MuMA recebe exposição sobre a utilização da pedra na história da humanidade

A mostra “Caminho da Pedra”, do artista plástico piauiense Demetrio Albuquerque, estão expostas até o dia 3 de junho no Museu Municipal de Arte

As obras do artista plástico piauiense Demetrio Albuquerque estão expostas até o dia 3 de junho no Museu Municipal de Arte (MuMA). Foto: Thiago França

As obras do artista plástico piauiense Demetrio Albuquerque estão expostas até o dia 3 de junho no Museu Municipal de Arte (MuMA) com a mostra “Caminho da Pedra”.  A exposição enfatiza a pedra como instrumento utilizado desde a origem da humanidade, passando por transformações contínuas tanto na natureza quanto culturalmente. Com entrada gratuita e audiodescrição, a mostra segue em cartaz até 3 de junho no MuMA, espaço que integra o Portão Cultural.

Na exposição, Demetrio evoca o pensamento do cientista escocês James Hutton (1726-1797). Considerado o pai da geologia, Hutton teorizou sobre o mundo mineral afirmando que não pode haver “vestígio do começo e perspectiva do fim”, pois na natureza tudo se transforma. “A intenção é narrar esse gesto artístico primordial sobre a pedra e suas transformações pela natureza. Surgiu a necessidade de fazer algo mais conceitual e, através de pesquisas, comecei a me interessar pela formação dos solos. A ideia foi voltar a algo primitivo, mas unindo a ciência ao mesmo tempo”, comenta o artista.

A mostra expressa essa dinâmica criando um percurso onde cada obra/personagem provoca a memória e a curiosidade, seja pelo aspecto artístico formal ou pela reflexão sobre sua confecção e representa um balanço da carreira de Demetrio enquanto escultor. As obras resultam do trabalho com técnicas da cerâmica pernambucana, pesquisa à qual o artista plástico se dedicou nos últimos anos.

Obras
A viagem simbólica de “Caminho da Pedra” começa com a movimentação dos minerais desde a rocha bruta até a argila de aluvião, representada pela obra “Ígnea”, onde se vê um rosto humano integrado com a pedra. Em seguida, “Erosão” traz a dissolução da matéria pela água e pelo vento, com uma figura humana nascendo ou se enterrando na pedra. Logo depois, a instalação se funde com pedras espalhadas pelo terreno. Entre elas, a escultura “Pétreo” apresenta uma figura montada numa pedra, recordando a origem da civilização.

O segundo movimento nos leva ao artista, que experimentou as primeiras vivências com a argila na comunidade japonesa de ceramistas de Ashikaga-shi. Nesse ponto, os conjuntos de peças “Emboladas” e “Ciranda” mostram cabeças de figuras populares e situações socioculturais. Continuando diante de grupos alegóricos – que são como projetos para monumentos -, percebe-se a marca de escultores do Recife como Abelardo da Hora, Corbiniano Lins, Brennand e Jobson Figueiredo.

A mostra também passa pelo sertão nordestino, cenário no qual se encontram vestígios da ocupação humana dos povos antigos da América Latina, do encontro com colonizadores e, posteriormente, com outros grupos populacionais. A partir dessa miscigenação, surge o trabalho artístico com barro e argila, tema explorado por Demetrio para traçar um paralelo entre a transformação e a sedimentação da pedra em paralelo com o homem que a esculpe.

Curitiba
A capital paranaense, considerada a “segunda casa” de Demetrio,  é o segundo lugar a receber a exposição, que já passou por Recife (PE). O escultor possui uma relação profunda com a cidade. Após concluir sua formação em arquitetura e iniciar as atividades como escultor frequentando ateliers em Recife, Demetrio residiu na capital paranaense na década de 1990. Aqui, ele fez o curso de escultura do Centro de Criatividade do Parque São Lourenço, com orientação do escultor Elvo Benito. Em Curitiba, o artista ganhou o prêmio João Turim (1991) de aquisição no 1º Salão do Museu João Turim, com as esculturas “Migrante” e “Andaluz”.

Demetrio também venceu o concurso para o “Monumento Tortura Nunca Mais”, em 1987. Construído no Recife, esse foi o primeiro monumento a homenagear os presos políticos mortos no Brasil. Após suas passagens por Recife e Curitiba, o escultor morou no Japão, onde fez curso de cerâmica (Yakimono) e realizou a exposição “Karada”, em Ashikaga-shi. Voltou para Pernambuco e se estabeleceu em Olinda, passando a produzir esculturas de grande porte em cidades nordestinas. Alguns exemplos são “A Pedra”, “Caboclo de Lança”, “Circuito dos Poetas do Recife”, “Dom Helder” e “Monumento a Augusto dos Anjos”.

Serviço: Exposição Caminho da Pedra no MuMA
Data: até 3 de junho
Horários: terça a domingo, das 10h às 19h
Local: Museu Municipal de Arte (MuMA) – Portão Cultural – Av. República Argentina, 3430 – ao lado do Terminal do Portão
Entrada gratuita
Agendamento de visitas: (41) 3321-3246

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