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Exposição Além do Visível apresenta contextos da guerra e a perda da visão

A mostra trabalha a inclusão em sua composição para representar as diferentes maneiras de se enxergar o mundo

Foto: Divulgação

​A história de vida de um grupo de refugiados angolanos cegos foi a principal inspiração para a artista Nani Silveira incluir acessibilidade na exposição “Além do Visível”, em cartaz no Espaço de Arte Francis Bacon. Pensando na dificuldade que um deficiente visual tem ao visitar um museu ou uma galeria de arte, ela incluiu na mostra obras com perspectivas do universo das pessoas cegas ou com baixa visão.

A artista priorizava em seus trabalhos a pintura em acrílica, mas quando surgiu o interesse por esse estudo para a conclusão de um curso de graduação em Pinturas, ela  começou a explorar várias técnicas como forma de investigação para saber qual delas conseguiria se comunicar melhor com esse grupo de espectadores. “Durante a pesquisa realizei desenhos com pregos, explorei a pintura com tinta expansível, escultura em resina, desenhos na máquina de costura, bordados, entre outros”, conta Nani que aborda o contexto da guerra nesta mostra de arte.

A exposição é trabalhada em várias séries que promovem reflexões sobre o acesso às obras de arte por todos os espectadores e a possibilidade que ela traz de comunicação e aproximação de universos distintos. “Mais que a apreciação estética e visual é um convite à exploração e se permitir a uma experiência singular com as obras que trazem etiquetas e textos em Braille”, diz Nani revelando que esse trabalho trouxe motivação para sua vida para novos desafios buscando sempre o que tem para além da visão, do estético e, principalmente, tentar entender e se colocar no lugar do outro.

As séries da mostra são:

“Além do Visível” – retrata pinturas com referências em fotos de alguns dos integrantes do coral Vozes de Angola e outras que têm relação com o contexto da guerra. São as primeiras pinturas realizadas no início da pesquisa e todas têm contorno para serem exploradas pelo tato.

“Re-tratos Previsíveis” – exibe desenhos feitos com metais e fios de algodão sobre chapa de madeira preta. Nesse trabalho os diferentes materiais se destacam pelas texturas e temperaturas diversas. Ela traz questões que são repetidas de geração em geração entre os africanos.

“Presente” – apresenta uma instalação de parede com uma mão feita em resina transparente segurando uma granada feita em impressão 3D dourada. Traz a subjetividade de um signo que representa tanto poder e destruição, mas aqui a artista representa-a como um presente, um ouro de tolo, com uma beleza delicada e reluzente.

“Poesias Invisíveis”  – mostra sete telas com fundos e com bolinhas coloridas, compondo poesias concretas em Braille. Evidencia a ironia entre o signo do Braille que não é entendido pelos videntes e as cores que não são entendidas ou vistas pelos cegos. Assim, os cegos entenderão o que está escrito, mas os videntes não, ao mesmo tempo que a artista explora estudo da teoria da cor. Aqui está disponibilizado o alfabeto Braille para os espectadores traduzirem as palavras escritas.

A exposição fica em cartaz até o dia 20 de dezembro e tem entrada gratuita. A visitação pode ser feita de terça a sexta-feira, das 13h30 às 17h. O Espaço de Arte Francis Bacon fica na Ordem Rosacruz (AMORC), localizada na Rua Nicarágua, 2620 – Bacacheri. Mais informações na página oficial do Facebook.

Sobre a artista
Nani Silveira é  bacharel em Pintura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná – EMBAP/UNESPAR, sócia-proprietária do Circular Atelier Colaborativo e já participou de várias exposições coletivas e salões de artes, sendo o mais recente o XXV Salão Curitibano de Artes Visuais.

 

 

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